Christopher Bollas

Autor de uma vasta obra no campo psicanalítico, nas ciências humanas e nas artes, além de ser pintor, cujas imagens ilustram capas de livros. Fez sua formação psicanalítica na Sociedade Britânica de Psicanálise, da qual é membro. Hoje vive em Londres.

VIDA

Nasceu e passou sua infância e adolescência na Califórnia, Estados Unidos, no período em que a sociedade americana viveu a Guerra Fria, a ameaça nuclear, as lutas pelos direitos civis e outros acontecimentos significativos, como a guerra do Vietnã. Esse ambiente influenciou-o na formação de um pensamento livre, independente, criativo e imerso em um intenso sentimento humanista.

Graduou-se em história pela Universidade da Califórnia, Berkeley, e é doutor em literatura pela Universidade de Buffallo, New York. O estudo do puritanismo na Nova Inglaterra, no século XVI, conduziu-o à literatura psicanalítica. Após a graduação, iniciou o trabalho clínico com crianças autistas, ao longo de dois anos, em uma clínica na Califórnia. Em Nova York, dedicou-se à psicoterapia de estudantes da universidade onde cursava seu programa de doutoramento.

Em 1973, iniciou sua formação psicanalítica em Londres, filiando-se ao denominado Middle Group ou Independent Group da Sociedade Britânica de Psicanálise, grupo de psicanalistas que não se vinculavam plenamente e (ou) não se identificavam com as postulações dos psicanalistas reunidos em torno de Melaine Klein e de Anna Freud. Entre 1978 e 1991, foi professor e supervisor clínico no Instituto de Neuropsiquiatria Infantil da Universidade de Roma.

OBRA

Além do aporte freudiano, a obra de Bollas revela a influência de autores como Frances Tustin, Donald Winnicott, Wilfred Bion e Jacques Lacan, de sua experiência clínica, e muito do que aprendeu com os grandes mestres da literatura universal. Dentre essas influências, destaca-se o papel de Winnicott, de quem Christopher procura ampliar as idéias acerca do papel do objeto nas relações interpessoais e da expressão do self.

Sua agenda de pesquisa e seus escritos abordam inúmeras questões: do sonho à interpretação, da associação livre à poética, da normose à histeria e às mais diversas psicopatologias. Inovou ao discorrer sobre a noção de self, o uso do objeto, as pulsões de vida e de morte, entre outros. Além do mais, seus escritos têm uma peculiaridade: são psicanalíticos em seu conteúdo, mas literários em sua estrutura, dificultando o trabalho dos tradutores das suas obras.

Essas postulações estão expressas em cerca de 15 livros de sua autoria, além de artigos e apresentações de obras. Destaco os seguintes livros:

  • The evocative object world
  • The mystery of things
  • The infinite question
  • The shadow of the object: psychoanalysis of the unthought unknown
  • Cracking up: the work of unconscious experience
  • Forces of destiny: psychoanalysis and human idiom
  • The freudian moment (co-autor com Vincenzo Bonaminio)
  • Being a character: psychoanalysis and self experience
  • Hysteria
  • I have heard the mermaids singing
  • Mayhem
  • Dark at the end of the tunnel
  • The new informants: the betrayal of confidentiality in psychoanalysis and psychotherapy (co-autor com David Sundelson)
  • Free association (Ideas in Psychoanalysis)
  • The Infinite question

Em português temos as seguintes obras:

  • Hysteria (2000) [Originariamente publicado em 2000]
  • Sendo um personagem (1998) [Originariamente publicado em 1992]
  • Forças do destino: psicanálise e idioma humano (1992) [Originariamente publicado em 1989]
  • A sombra do objeto: psicanálise do conhecido não pensado (1992) [Originariamente publicado em 1987]

Resenha elaborada por Carlos Cesar Marques Frausino, membro do Instituto de Psicanálise Virgínia Leone Bicudo da Sociedade de Psicanálise de Brasília.